A angula, ou meixão, com o nome científico é Anguilla anguilla (Linnaeus, 1758) é a enguia num dos seus estádios iniciais de desenvolvimento, numa fase em que ainda não atingiu a maturidade sexual.
É uma espécie migradora e muito comum nas bacias hidrográficas portuguesas. O meixão tem a forma típica da enguia, mas o corpo é transparente e bastante mais pequeno (mede entre 4 e 5 centímetros). Nasce no mar dos Sargaços (no meio do Atlântico) e viaja depois até aos rios europeus. Isto porque, no Outono, as enguias adultas partem dos rios para o mar dos Sargaços, onde desovam a profundidades elevadas.
"Quando atinge a área da postura, a fêmea faz a desova, o macho faz a postura dos espermatozóides e com o esforço ambos morrem" (José Rebelo, doutorado em Biologia). Cada fêmea faz a postura de milhões de ovos.
Após subirem à superfície, as larvas da enguia começam a ser arrastadas pela corrente quente do golfo do México até às costas europeias. "Fazem uma viagem de aproximadamente dois anos até chegar ao rio: nessa viagem, 80% das enguias de vidro morrem” (José Rebelo, doutorado em Biologia). Das sobreviventes, poucas resistem às adversidades do novo meio. "Dos 20% que sobrevivem, cerca de 80% morrem: a mortalidade natural é muito grande devido à necessidade de adaptação às condições do novo meio e grande parte morre também devido à influência do homem, que a apanha." Durante a migração, a enguia de vidro não se alimenta e a viagem até à costa europeia é feita à deriva. Só após essa longa viagem, que chega a atingir os 7500 quilómetros, é que a angula começa a ter capacidade autónoma de movimentação.
A pesca ilegal de juvenis está a ameaçar a sobrevivência da enguia nos rios portugueses. As capturas só são permitidas no rio Minho. O meixão chega a custar mais de mil euros o quilograma nos restaurantes espanhóis.
Para os espanhóis é uma iguaria de luxo. Em alguns países asiáticos também. Em Portugal, o meixão ou angula não consta habitualmente nas ementas dos restaurantes, mas é capturado ilegalmente ao longo de quase toda a costa para exportação: um negócio que rende milhares de euros, mas que coloca em perigo a tão cobiçada enguia. Cada grama do chamado de meixão chega a custar em média 3,5 euros.